Última sobre o Enem 2009
Como aqueles que acompanham o blog sabem, eu acho que a atual gestão da Educação em nível federal está acima da média, mas achei desastrosa a mudança para o novo Enem.
Na minha opinião, a pressa foi inimiga da perfeição.
O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, acabou caindo. Ele divulgou uma carta em que relata o que houve de positivo em sua gestão, e há de se concordar com ele, e reconhece graves falhas na aplicação do novo Enem. Aparentemente contrariado com a pressão que veio de cima. Aparentemente concordando com a opinião de que a aceleração do processo acabou aumentando a chance de algo dar errado.
E várias coisas acabaram dando errado, mesmo.
Já o ministro deu entrevista à Folha de S.Paulo (segue link para assinantes Folha/UOL). E parece uma voz isolada em suas opiniões sobre o Enem. Leia alguns trechos:
"Tanto a forma da nova prova como o aplicativo de distribuição das vagas compensam as dificuldades decorrentes do furto da prova".
Observação: O maravilhoso aplicativo de distribuição das vagas é aquele que não estava preparado para o volume de acessos simultâneos e ficou dias fora do ar, e que selecionou quem só concluirá o ensino médio daqui a um ano. E a forma da nova prova é aquela que precisou de mais de 50% a mais de páginas para colocar o mesmo número de questões que a Fuvest, entre outras deficiências pedagógicas.
"Foi o quinto Enem com mais de 3 milhões de inscritos e, na minha opinião, não teria ocorrido nenhum problema significativo se Cespe e Cesgranrio tivessem feito."
Observação: Os problemas transcendem a aplicação da prova. Houve uma insatisfação das maiores universidades com a pressão do ministério para a substituição do vestibular e, de fato, a prova foi ruim. Várias universidades, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, teriam retrocedido ao abandonar o seu vestibular, já que suas provas são boas, melhores do que foi o Enem. E isso sem falar em uma série de problemas insignificantes que, somados, têm mais peso que um problema significativo como a violação do sigilo da prova. Além disso, é fato que o ministério teve muita sorte pelo fato de ter descoberto a quebra do sigilo antes da aplicação da prova.
A saída de Reynaldo Fernandes do Inep mostra-se símbolo do isolamento da opinião do ministro na questão do Enem.
Nossa torcida é para que tudo seja muito melhor para o Enem a partir deste 2010.