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BoaProva Blog

Blog da professora Larissa Perdigão. Desde 2007, notícias do BoaProva e comentários sobre educação e outros temas de relevância.

Candidatos em pânico com a matéria da Folha: com razão

Matéria da Folha de S.Paulo reproduzida na Folha Online prevê que Enem dará pontuação diferente para provas iguais.

 

Nada mais falso.

 

E, claro, se saiu na Folha... todo mundo tende a acreditar. Mesmo que quem escreva seja ignorante em Estatística, bem, ele tem diploma de Jornalismo!

 

Mas vamos ao principal: a TRI tratada na matéria e também algumas vezes aqui já é usada pela Unicamp há algum tempo. Outros vestibulares vêm adotando. Não tem nada de errado nela, ao contrário. Seleciona melhor.

 

Mas as questões não são inteligentes coisa nenhuma. Se um candidato chutar e outro responder à mesma questão por conhecimento, receberão exatamente a mesmíssima pontuação. Isso parece óbvio? Na reportagem, não.

 

Só que, se um candidato acertar a questão 1 e errar a 2, e outro fizer o contrário, aí a coisa muda de figura.

 

Se a questão 2 era a mais difícil (e isso se verifica pela média de acertos, por exemplo), o outro candidato ganhará mais pontos, por normalização estatística, que envolve cálculo de média, desvio padrão, comparação com o índice de acertos dos bons e dos maus candidatos etc. Eu estou expondo aqui grosso modo. Na verdade, isso não se costuma aplicar por questão, mas por conjuntos de questões.

 

De qualquer forma, não se impedirá ou se evitará o chute. Em muitos casos, ele resultará, até mesmo, em notas maiores que o candidato que acertou as questões "na raça".

 

Mas o chute em um conjunto de questões tão abismantemente grande quanto o do novo Enem, inevitavelmente, levará a um aproveitamento médio da ordem de 20%, se houver 5 alternativas por questão. E essa nota média será mais provável de ocorrer no conjunto de questões difíceis, que valerá mais, por uma questão de normalização estatística. E 20% da prova, após a normalização estatística, será uma nota desvalorizada, baixa, em relação à média da prova, por mais que esta esteja próxima de 20% (talvez 25%...).

 

Portanto, repito: alguém que for bem nas questões difíceis e for mal nas fáceis vai se dar bem no Enem. Melhor que se acertar rigorosamente o mesmo número de questões, mas apenas as fáceis.

 

Não seria permitido, pela TRI ou por outro dispositivo qualquer, julgar se um aluno acertou as questões difíceis por chute, ou errou as fáceis por nervosismo, e, com isso, roubar-lhe ou atribuir-lhe pontos, de forma aleatória ou até mesmo individual!

 

Não seria justo julgar o candidato.

 

Isso não existe.

 

Assim como não existe o julgamento aleatório, subjetivo, de qual questão é fácil ou qual é difícil. Isso também não poderia existir. Quem informa isso são os testes que o MEC está realizando e que estão descritos na reportagem, e que só valem para a seleção das questões que estarão na prova. O julgamento definitivo sobre o nível de dificuldade de cada questão virá do próprio Enem. As médias e desvios padrão serão dados pela própria aplicação da prova e pelas notas que resultarem daí, e não pelas notas daqueles que estão testando as questões.

 

O que existe, portanto, é um rigoroso sistema estatístico que reduz o peso de chutes ao valorizar o número de acertos a partir das notas mais prováveis, a partir da média de todos os candidatos.

 

Portanto, continuem sendo críticos em relação ao que leem e fiquem absolutamente tranquilos para o Enem. Pelo menos em relação a isso.

 

P.S.: Sei que o meu texto não é absolutamente esclarecedor, mas não vem ao caso aqui trazer exemplos. Quem quiser, que consulte referências interessantes que eu mesmo já vi por aí, como o manual da Unicamp ou o da Estadual de Maringá. Fácil encontrar na rede.

 

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