Boa surpresa
Uma série de notícias de educação nestes primeiros dias do ano sugerem que ainda há esperança.
O lema "Pátria Educadora", do segundo mandato de Dilma, é metade muito ruim, pelo uso da palavra "Pátria", tão evocada por populistas e ditadores por aí, mas é metade muito boa, por trazer a educação para o centro das atenções.
Não dava um real por Cid Gomes no MEC. Mas a ideia de estabelecer por escrito um currículo mínimo é mais que necessária. É bola dentro.
É duro dizer isso, mas o professor médio brasileiro é muito mal formado para se dar a ele a autonomia para decidir o que e como ensinar. Aliás, esse caminho de engessar o currículo é saída adotada com sucesso, por exemplo, em Cuba. Esqueçamos a ideologia do regime. A lição cubana (e de democracias também) é a rigidez no cumprimento do currículo.
O temor de quererem incluir o que não deve nesse currículo mínimo (religião, sectarismo, combate à ciência, misantropia à Bolsonaro etc.), ou deixarem-no extenso demais é grande e justificado. Torçamos pelo sucesso da empreitada.
Por fim, a valorização do magistério é outra coisa muito boa. Aumentar o piso nacional acima da inflação é boa notícia, mas precisamos ter, também, reconhecimento da carreira docente, junto à escola, junto aos pais, aos alunos e ao governo, e suporte efetivo para a formação continuada. Se, com o aumento do piso, vierem políticas de valorização intangível do ofício docente, mais uma bola dentro.
Que Dilma, Cid e secretários do MEC possam levar o Brasil a um salto real de qualidade na educação.