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BoaProva Blog

Blog da professora Larissa Perdigão. Desde 2007, notícias do BoaProva e comentários sobre educação e outros temas de relevância.

Satirizando Google Street View

Um dos serviços mais pretensiosos em termos de obtenção de informações é, sem dúvida, o Google Street View.

 

Difícil combatê-lo. Um pouco mais fácil é aceitá-lo, buscando formas de contornar sua invasão.

 

Em cidades grandes, até isto é difícil. Fica mais fácil quando a cidade é pequena.

 

Quando eu vivia em Gurupi, vi o carro do Google estacionado em frente ao hotel mais conhecido da cidade. As imagens registradas e hoje disponíveis no serviço são daquela época.

 

Eu poderia ter divulgado o fato entre conhecidos. Poderia ter havido um movimento de combate.

 

Ou de sátira, como esta com que me deparei buscando relembrar de uma paisagem vista há muito tempo. Neste caso, certamente, o fato de a cidade ser pequena ajudou.

 

Que não deixemos de fazê-lo. Que não achemos normal o registro massivo do nosso cotidiano real. Façamos do serviço um retrato do surreal.

 

Verdadeiro caos

Analistas políticos apontam que estamos no caos, ou que o caos chegará com o impedimento presidencial.

 

Alguns, poucos, especialmente aqueles que veem a questão de forma mais ampla, acham que demos o primeiro passo para sair da crise: ou vai, ou racha.

 

Ninguém parece ter feito análise mais detida sobre a situação.

 

O caos estará não no impedimento da presidente, pois, afinal, há um vice-presidente até mais experiente em política, pronto para assumir seu lugar.

 

Tampouco o caos estará numa votação robusta contra a abertura do processo de impedimento pela Câmara. A presidente mostrará que tem força política suficiente quando a coisa aperta de vez.

 

O problema está em termos a vitória de Pirro da presidente: um processo de impeachment barrado por falta de uns 5 ou 10 votos (são necessários 342 votos a favor do processo para a sua abertura).

 

Teríamos uma presidente de jure que não poderia governar de facto. E que já mostrou não ser estadista: não vai renunciar facilmente.

 

Aí, sim, teremos o verdadeiro caos.

 

O que é ciência?

Uma aluna do curso de Pedagogia da UnB, Camila Iêda, pediu-me para responder "o que é ciência?", como quem responde a uma criança.

 

Pois ciência não "é" nada. Ciência se faz. E se faz em cada ação pensada.

 

Por que o bolo queimou? Ficou tempo demais assando? Ou o forno estava muito quente? Vamos investigar? Faço outro bolo, assando pelo mesmo tempo, mas com o forno mais frio. E daí? Agora o bolo não queimou, mas também não cresceu... Então? Faço mais um bolo, assando por menos tempo, mantendo o forno quente. Agora ficou melhor? Ah, agora, sim! Que delícia!

 

E a ciência? Fazer ciência é explicar ou entender o que ocorreu em cada caso. Quando o bolo ficou tempo demais assando, perdeu muita água, por muito tempo – desidratou – e acabou se expondo ao excesso de calor. Quando o forno ficou mais frio, o fermento, que faz crescer o bolo, não atuou, porque ele precisa de uma temperatura alta para agir. Assando a uma temperatura adequada e pelo tempo certo, o fermento agiu, o bolo cresceu, e não perdeu tanta água, o que o deixou molhadinho e, principalmente, assado, mas não queimado. Cheguei a essas conclusões porque testei e me apoiei em conhecimentos passados, já testados. Fiz ciência.

 

É possível fazer um bolo excelente sem tentar explicar nada? Com certeza! Então, para que serve fazer ciência?

 

O que eu aprendi com o bolo vai me ajudar a fazer outras receitas. Eu vou poder, inclusive, mudar as receitas, sabendo o que faço. O bolo não cresceu, mesmo estando no forno quente? Pôr mais fermento resolve? Resolveu! E aquela torta de queijo que eu inventei? Fica mais tempo no forno do que o bolo? Acho que sim, porque tem umas fatias de queijo em cima, e isso impede a saída rápida da água. Bingo! A torta não ficou empapada, ficou sequinha sem queimar! E o peixe assado? Embrulhei em plástico, a água do peixe não vai sair. Asso por um tempo, depois abro e deixo mais uns minutinhos no forno para secar um pouco! Maravilha!

 

Assim se faz ciência. Elaboro uma pergunta, que chamo de hipótese, penso no teste a se fazer ou procuro informações de quem já fez testes iguais ou parecidos. Se não houver essa resposta, eu faço o teste e uso o resultado para responder à minha hipótese, elaborando o que se pode chamar de tese.

 

Sou cientista? Sim. E você também devia ser. Não estou falando em fazer disso a sua profissão. O que digo é que ser cientista no dia a dia faz você olhar o mundo de forma muito diferente. O mundo fica mais fácil, mais bonito, mais surpreendente e mais misterioso... Misterioso? Sim! E você, como um bom curioso, o que faz? Tenta desvendar esses mistérios! Isso é ser cientista.

 

E se você escolher ser um cientista como a sua profissão, como eu, você vai fazer dessa eterna brincadeira de desvendar o mundo a essência da sua vida. Tem coisa melhor?

 

Falando em dinheiro...

É preciso ser abnegado para ser professor no Brasil. Até o trabalho doméstico rende mais.

 

http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/10/domestica-faz-pedagogia-no-df-mas-salario-faz-adiar-sonho-de-dar-aula.html

 

Ainda bem que não se queimam pestanas na universidade para diminuir a evasão. O problema está no reconhecimento externo ao trabalho docente. Sem salário digno e respaldo social, seguiremos patinando, estacionados.

 

Pior é ter de ler que estamos melhorando em educação, quando, em realidade, são os outros que estão piorando, como é o caso argentino. Ria, para não chorar:

 

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1712167-se-pais-formasse-medicos-como-professores-pacientes-morreriam-diz-mercadante.shtml

 

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